
DIAS DE QUARENTENA… UMA REFLEXÃO…
Nesses dias de quarentena, ao fazer reflexões sobre a vida, lembrei-me de minhas aulas de Redação, no Colégio São Judas Tadeu.
Nos idos de 1980, em uma aula de Redação, a Profª. Mércia solicitou um texto, sem especificar o gênero textual. Fiz uma poesia.
Após alguns dias, veio a correção: “Zero”. E um comentário: “Plágio de Carlos Drummond de Andrade”. Senti-me injustiçado! Logo eu, que queria ser poeta… “Nunca tinha lido Drummond… estava no segundo colegial… estava na primeira carteira da fila… Como colaria?” Nenhum argumento demoveu-a da correção…
Hoje, após 35 anos e após a minha aposentadoria, trabalhando com meu ex-aluno Valther Maestro e após ter publicado quatro livros de poesia… apresento uma paráfrase, um intertexto do “Poeta de Itabira”…
(inspirado em “Congresso Internacional do Medo” – Carlos Drummond de Andrade)
Nem de gênero, de amor, de paixão…
Nem de futebol, do time do coração…
Nem de raça, nem de idade…
De homofobia, tiranias, idiotices ou idiotias…
De idiossincrasias… hipocrisias … ironias…
(Os memes estão cheios…)
Falemos, sim, do medo…
Não do medo da morte, porque estamos fechados e sem vida (social)…
Não do medo do Capitalismo, do Nazismo, do Fascismo, do Comunismo,
[porque todos sucumbiram…
Não do medo de prisões, porque um ínfimo vírus nos encarcerou…
Não do medo da falta de liberdade, porque não se tira aquilo que não se tinha…
Não do medo das ditaduras, porque não há líderes em nenhuma das trincheiras…
Falaremos do medo…
Medo reprimido e guardado, esquecido…
Medo do salário e dos lucros perdidos…
Medo da mãe que pariu e não viu…
Medo dos que foram embora… dos que ainda sufocados e entubados persistem…
Falemos dos maior de todos os medos… já que dizem que tudo passa…
O medo amarelo e triste de sentirmos que não mais seremos seres… e nem mais humanos…
Flores amarelas, nem de cor alguma nascerão…
Porque não haverá túmulos, nem velórios…
Não haverá flores amarelas medrosas…
Após a cremação… o pó…
O pó do medo da extinção da raça que se chamava humana…
(Neste momento, Deus ou o nome que tenha lavará as mãos…)
Tu és pó … e retornarás ao pó de uma vida mal vivida…
E agora, Drummond? – eu diria…
Eu não me chamo Raimundo,
Pra rimar com Mundo…
Me chamo ZÉ…
E rima, tristemente, com “FALTA DE FÉ”…
CADASTRE SEU EMAIL ABAIXO E RECEBA AS NOVIDADES DO NOSSO BLOG