
FUTURO DO PRESENTE
No dia que o futuro do presente chegou, escondemos em casa e feito bonecas, guardamos nossa segurança com os olhinhos petrificados e manchados do último brincar, confirmando a criança que vive em todos e que sempre precisou dos “outros” para viver.
No dia que o futuro do presente chegou, ouvíamos as mesmas notícias, a chamada de que a próxima semana seria pior e pior, assim, fugimos e caímos num dentro que pouco visitávamos: o pensamento. Pensar nessa vida era desligar o automatismo-moradia do nós com as suas antigas tarefas-urgentes da próxima hora.
No que dia que o futuro do presente chegou, inventamos de separar o que não servia mais, o valor não era traduzido em coisas, trecos, badulaques, até mesmo porque algumas coisas que foram pro lixo nem eram materiais.
No que dia que o futuro do presente chegou, fomos surpreendidos pelo o que não era novidade, a permanência era uma máquina de conveniência e agora cada palavra tinha o peso da observação que sempre foi o princípio normal de quem decidiu conviver.
No dia que o futuro do presente chegou, levamos alguns dias para reconhecer o quanto algumas pessoas e tarefas fazem falta, que não damos a verdadeira importância para o ir e vir, os instantes, os momentos, ainda que poucos, que passamos e construímos juntos.
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No dia que o futuro do presente chegou, a vida deu pra mostrar o que realmente precisamos, seja pela ausência de não termos o necessário ou pela abundância do que é supérfluo, comer e ter onde encostar o corpo virou um privilégio de alguns e a utopia de muitos.
No dia que o futuro do presente chegou, os abraços viraram ideais e não meras convenções, um desejo orientado a dias melhores e a promessa de que juntos do amanhã esperado também seríamos diferentes.
No dia que o futuro do presente chegou, pessoas discutiram a diferença entre o valor da vida e o custo da produção econômica, sem perceber que a última nunca seria o que era se não fossem as pessoas que entregavam no trabalho o que tinham de mais valor: suas vidas.
No dia que o futuro do presente chegou, a ciência voltou a fazer sentindo, porque no lugar de tantas incertezas, ter referências garantindo a esperança dos dias que não existem, era uma estrada desejada por todos.
No dia que o futuro do presente chegou, ele nos ensinou muito sobre nós, mas não dá para saber agora quem frequentou aquela escola de transformação, a não ser quando o presente do futuro, como anunciam nossas expectativas, estiver novamente em nossas mãos.