
SOMOS TALES
Tales de Mileto caiu dentro de um buraco. Dizem que ele foi tirado de casa por uma velhinha para olhar os astros e enquanto admirava-se com o céu não viu o acidente que causou sua queda.
Sair de casa, cair num buraco, olhar o horizonte. Ter motivações para deixar a segurança do lar, dar verdadeiro sentido ao pedido das pessoas que respeitamos, encontrar significado no que temos, querer mais e ir além.
A verdade é que também somos Tales, quando nos aventuramos na direção dos nossos sonhos e na realização de projetos que possam nos garantir mais tranquilidade para viver. Miramos o futuro como Tales mirava as estrelas e, assim como ele, caímos. Olhar para longe, ter a visão compenetrada na realização pode em muitos momentos minar o chão que pisamos, confundir os passos e, por isso, errar caminhos.
Tales afrontou os mistérios longínquos com cálculos, era uma maneira de buscar certezas em que ele pudesse se apoiar mesmo na iminência de um tombo. Novidades assustam e Tales fez do seu pensamento uma maneira inédita de contar sobre os primórdios da existência usando a razão (logos). No nosso caso, queremos explicações, buscamos as razões por trás de tudo que nos compete. Desejamos saber e isso, num mundo que sempre anuncia a ruína, garante certa coragem para seguir.
CADASTRE SEU EMAIL ABAIXO E RECEBA AS NOVIDADES DO NOSSO BLOG
Tales desafiou a linguagem mítica por trás das histórias que lhe contavam e descobriu na observação um elemento comum e fundamental para vida: a água (to hydor), assim, quando ele rompeu com a tradição autoritária, um caminho se abriu para outros pensadores e o pensar sobre a vida nunca mais foi a mesmo.
Somos Tales, porque a promessa de um horizonte só é possível quando não nos deixamos levar pelo canto sombrio das musas do senso comum. Somos Tales, porque buscamos respostas e fundamentos que eliminam a sede das nossas incertezas. Somos Tales, porque sabemos que a vida é cheia de mistérios como é o olhar que ao observar o céu se pergunta sobre a sua imensidão.
Somos Tales porque pensamos além e nisso nos parecemos com a água, que imediatamente se mostra insegura e móvel.